
Vários
países do mundo, incluindo Brasil, Rússia e França, têm enfrentado dificuldades
políticas para elevarem a idade mínima para as aposentadorias. Parece existir
um consenso, entre supostos especialistas, que usam uma linguagem que denota
impressionante certeza, de que é indispensável dificultar as aposentadorias,
sobretudo aumentando a idade mínima. Mas de fato entraram em uma rua sem saída
e todas essas reformas previdenciárias absurdas terão que ser desfeitas em
poucos anos. O mundo está entrando na era robótica, e as suas necessidades nos
próximos anos serão o oposto do que promovem as atuais reformas previdenciárias
que enfraquecem governos da Rússia de Putin à Nicarágua de Noriega.
O
pressuposto dos defensores das reformas parece imbatível de tão simples. As
pessoas estão vivendo mais, e a proporção de jovens está caindo, de forma que o
número de aposentados está só crescendo, e o número de trabalhadores
contribuintes caindo. No Brasil devemos acrescentar alguns problemas, como o
fato de quase 40 milhões trabalharem na informalidade, e portanto não contribuírem,
e o fato de milhões de trabalhadores rurais terem sido incluídos como
aposentados do INSS sem terem contribuído.
É como em
qualquer truque de mágica – alguma coisa bem óbvia é esfregada na cara dos
espectadores para que eles não percebam o que realmente está acontecendo, a
“mágica”, nos bastidores. Os “argumentos” dos defensores das reformas
imprevidentes não são mentiras, eles são somente insignificantes diante de
forças muito maiores que estão atuando na economia mundial.
Entramos no
tempo dos robôs, e a era robótica avança muito mais rapidamente do que o
esperado. Em 20 anos mais da metade dos atuais empregos terão desaparecido. Nesse
cenário, o que logo se patenteará indispensável será proporcionar renda para
não trabalhadores, incluindo aposentados. Ao contrário de dificultar
aposentadorias, será necessário facilitá-las. Ao invés de aumentar a idade mínima,
será necessário reduzir a idade para aposentadorias compulsórias.
A robótica é
sinônimo de maior produtividade. A sociedade atual produz bem mais do que
produzia há 50 anos. Cada trabalhador atual produz, graças a máquinas,
computadores, técnicas etc. muitas vezes o que um trabalhador produzia há 50
anos. Portanto cuidar de cada aposentado (assim como de cada cidadão) se tornou
mais barato para a sociedade e a robótica o tornará ainda mais barato. São os
governos que lidam com o assunto de forma antiquada, e portanto têm problemas
contábeis do século XIX, porque contrariam a realidade atual.
Conscientes
das necessidades do mercado, as mentes capitalistas mais brilhantes do mundo,
que são as dos jovens que efetivamente se tornaram os homens mais ricos do
mundo nos últimos anos, como Bill Gates e Zuckerbeg, estão defendendo uma renda
mínima universal, ou seja, para todos os seres humanos do planeta. Não é por
caridade! Não são bonzinhos! Só querem continuar ricos apesar da era robótica
ter começado.
Os robôs
também impõem a redução da jornada de trabalho, que por sua vez aumenta o
número de contribuintes. Mas a redução da jornada sozinha não pode resolver o
problema contábil dos institutos previdenciários.
A única
coisa que os governos podem fazer que vai funcionar é substituírem os atuais
sistemas previdenciários. Ou melhor, devem definir aposentadorias, pensões etc.
como obrigações do Estado, absorvendo para o caixa público as obrigações e
direitos dos institutos de previdência. Feito isso, devem abolir as
contribuições de trabalhadores e empresas para a previdência, decidindo outras
formas de imposto, que não desestimulem a produção.
Mas se os
governantes não têm coragem de resolver o problema de forma clara, se têm medo
de serem chamados de doidos, ao menos deviam ter a inteligência de não tocarem
no assunto. Estão perdendo popularidade a toa! Estão debatendo a previdência
porque são imprevidentes.
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