
Os Sindicatos devem ser libertados dos parasitas que os dominam,
mas mesmo que o fizéssemos rapidamente, uma boa metade dos trabalhadores não
tem direito a se sindicalizar. É o caso de donas de casa, trabalhadores
informais, sub-empregados, membros de cooperativas, autônomos diversos, e mais
importante que tudo, desempregados! Os Sindicatos têm um prazo legal para
desfiliar os trabalhadores que perdem o emprego, e muitos trabalhadores nunca
tiveram um emprego formal. Portanto, ao não se criar organizações de todos os trabalhadores,
não se está trabalhando para uni-los.
Entre os trabalhadores que podem ter Sindicatos, alguns têm
Sindicatos estaduais, que se o trabalhador morar no interior é como não ter
Sindicato. A maioria, como se sabe, é controlada por parasitas, sejam partidos
ou só ladrões. Os partidos ainda dividem o movimento sindical em mais de dez “centrais
sindicais”, que não passam obviamente de braços desses partidos. Na prática, o
movimento sindical atual está dividindo e subdividindo os trabalhadores, ao
invés de uni-los.
Como já dissemos, não propomos abandonar o movimento
sindical, muito pelo contrário! Agora que o imposto sindical acabou pode ser
mais fácil libertar alguns Sindicatos dos parasitas que só os seguravam para
mamarem o imposto. Contudo, até para libertar os Sindicatos pode ser útil criar
organizações municipais que unifiquem os trabalhadores. Construindo a União ou
Associação dos Trabalhadores de uma cidade X, podem-se formar oposições
sindicais que posteriormente libertem seus Sindicatos.
O que tem feito o trabalho de unificar e politizar os
trabalhadores brasileiros é somente a Internet. As organizações municipais de
trabalhadores que se deve criar devem desenvolver a democracia direta digital.
Se queremos superar os regimes políticos capitalistas e construirmos
democracias de novo tipo, mais avançadas, tenham o nome que tiverem, então temos
que demonstrar que isso é possível em escala menor. Se os trabalhadores de uma
cidade não podem controlar uma organização municipal de trabalhadores, como
poderiam controlar essa mesma cidade, ou o país? Como confiar em dirigentes “socialistas”
que pregam “poder popular”, “democracia socialista”, “república dos
trabalhadores”, mas ao organizarem uma associação de trabalhadores se apegam à
democracia burguesa com suas eleições diretas que legitimam um governo
indireto? Ademais, é antiquada, ultrapassada, na era da Internet qualquer
tentativa de criar algo novo sem democracia direita digital.
É necessário desenvolver espaços na Internet favoráveis aos
nossos objetivos. Os espaços atuais são redes sociais, que obviamente não foram
feitas para isso. Não é possível praticar uma democracia digital com enquetes
de redes sociais! Uma União dos Trabalhadores de uma cidade pode nascer em um
grupo de uma rede social, mas precisará de mais que isso para que se
desenvolva. Será necessário desenvolver programas/páginas/aplicativos que
permitam que em cada cidade se constitua um grande Soviet digital. As Uniões de
Trabalhadores serão a defesa viva disso se forem elas mesmas a experiência de
desenvolvimento dessa nova democracia.
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