O golpe palaciano do presidente egípcio, recém eleito, membro da Irmandade Muçulmana, com a finalidade de concentrar poderes, é um bom exemplo das dificuldades que o mundo árabe terá que superar para se livrar de ditaduras. Se reiniciaram os choques de rua, agora não mais entre civis e militares, contra uma ditadura militar, mas entre um partido religioso e forças democráticas, tentando evitar uma ditadura religiosa. Os egípcios temem ter derrubado uma ditadura militar para dar lugar a uma ditadura religiosa.
O tipo de "democracia" adotado, o mesmo que não funciona em lugar nenhum, piorou as coisas, pois é naturalmente concentrador e personificador de poderes. Mursi foi extremamente fortalecido por vencer eleições nacionais, e acabou de tomar posse, de forma que se for derrubado os partidos religiosos dirão que sofreram um golpe, e se os militares apoiarem a oposição, se dirá que aconteceu um golpe militar. O conflito continuaria, com o perigo de se tornar mais sangrento.