
É verdade, como disse Trump, que a substituição do dólar
como moeda de referência internacional equivaleria aos EUA perderem uma guerra
mundial. Diga-se de passagem, foi a Segunda Guerra Mundial, quando os EUA
tornaram-se uma superpotência econômica, que levou aos acordos de Bretton
Woods, onde os países capitalistas acordaram usar o dólar como nova divisa
internacional. Fixou-se então que os EUA poderiam emitir 35 dólares para cada
onça que tivessem de ouro. Mas em 1973, tendo os EUA gasto muito ouro, e
precisando gastar muito com a guerra no Vietnã, Washington rompeu essa parte
dos acordos de Bretton Woods e o dólar passou a ser emitido a bel prazer do
banco central estadunidense, o Federal Reserve. Desde então, os EUA se
beneficiam de toda a emissão de dólares, e o mundo todo paga por sua
desvalorização contínua. É uma forma de roubar o mundo todo. Devido a políticas
econômicas liberais, os EUA se desindustrializaram nas últimas décadas,
perdendo o verdadeiro lastro do dólar. Porque na verdade, embora os EUA não
garantissem mais ter uma onça de ouro por cada 35 dólares, todo o planeta sabia
que poderia conseguir qualquer mercadoria desejada por dólares, pois mesmo que
algum país não aceitasse mais essa moeda, os próprios EUA teriam a mercadoria,
graças à sua economia completa. Mas agora, os EUA importam muito mais, não só
em dólares, mas na realidade, em mercadorias, do que exportam. O que sustenta
esse luxo, e mantém o padrão de consumo dos estadunidenses elevado, é o dólar
ser a moeda mundial. Portanto, realmente, se o dólar perder essa posição, a
população dos EUA vai sofrer como a derrota de uma grande guerra, e as
consequências são imprevisíveis.