Um mês ruim para o império

Setembro de 2013 talvez seja um mês mais marcante para a decadência dos EUA que Setembro de 2001. Acontece que 2001, traumático para o povo dos EUA, certamente foi agradável aos governantes, que puderam multiplicar suas guerras. Setembro de 2013 está sendo bem diferente. O povo está certamente sofrendo outra vez, como sempre, mas dessa vez o governo também está!

Primeiro, os EUA tiveram que recuar diante do veto russo à guerra na Síria. O São João del Pueblo publicou um artigo em que demonstrava a impossibilidade de vitória da OTAN contra a Rússia e como seria a Rússia a beneficiada, que emergiria como grande potência mundial vitoriosa em caso de conflito. O russos tirariam os europeus da guerra fechando torneiras de gás e depois acabariam com a centralidade econômica do dóllar e com a economia dos EUA irremediavelmente bombardeando a Arábia Saudita.

Porém, o Del Pueblo não imaginava que o "exercício" com mísseis que Israel disse ter realizado no dia 3 de Setembro pode ter sido na verdade um ataque frustrado da OTAN contra Damasco. Os mísseis dos EUA teriam sido abatidos pelas defesas russas, jogando água fria na moral das tropas ocidentais.

Tenha acontecido esse ataque ou não, fato é que a Rússia impediu a guerra, e os EUA estão precisando rebolar para fingir que não recuaram. Após a queda da União Soviética, é a primeira vez que alguém barra os EUA quando este resolve ser covarde com algum paisinho.

Essa derrota diplomática e de certa forma militar, estratégica, acontece em um momento de profundo constrangimento dos EUA perante o resto do mundo, uma vez que seus espiões têm desertado e denunciado o fim das liberdades individuais dos cidadãos dos Estados Unidos e de todo o mundo. Mesmo velhos e firmes aliados ficaram irritados e não param de protestar.

E agora, ainda na metade do mês, a própria capital, Washington, é atingida, em um importante centro de comando da Marinha, por um dos já corriqueiros suicídios em que o suicída resolve levar junto consigo um monte de gente de algum lugar de que ele especialmente não gosta. Trata-se de um veterano de guerra, de certa forma, portanto, guardadas as proporções, é um caso próximo dos espiões que fugiram, pois é uma forma de deserção e motim. Ele foi matar seus antigos superiores, que o desligaram da Marinha por mau comportamento. No mesmo dia, outro cidadão foi soltar foguetes na Casa Branca, certamente sabendo que geraria pânico, ou seja, mais um ato de rebelião.

Quando seus soldados e civis se revoltam além do comum, os governantes imperiais estão perdidos em sonhos de poder e crenças do século XVIII. Com a população endividada, a economia mais ou menos, insatisfação social crescente e gastos militares absurdos, o congresso de maioria Republicana se nega a elevar impostos e soltar dinheiro, com excessão, claro, dos gastos militares. Não se trata somente de cegueira. Não são todos os estadunidenses, nem a maioria deles, que perdeu a noção da realidade e resolveu acreditar no Eden de Adam Smith. Trata-se de um determinado regime político, identico ao nosso, em que poder político se compra com dinheiro, e os estadunidenses mais ricos simplesmente não querem pagar mais impostos, a não ser quando se trata de mandar os pobres para a morte.

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